Intervenção do coordenador do SINTAF, Nuno Matos, na 9ª Conferência Nacional da Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens – CIMH/CGTP-IN, realizada em 5 de Junho em Lisboa.
Bom dia a todos e uma saudação ao congresso,
A discriminação de qualquer trabalhador é inaceitável, mas no caso das mulheres é uma situação que se mantém á muito tempo (demasiado), alguns dizem que é coisa da sociedade patriarcal, mas se já reconhecem o erro, não o corrigem porquê?
É fácil desvalorizar o trabalho feito por outros, dizer que qualquer um faz, então porque não fazem se é assim tão fácil?
No setor da banca existe uma espécie de Acordo Colectivo de Trabalho que os sindicatos da UGT e os que se dizem independentes vão alterando conforme dá jeito ao patrão, hoje temos diversos Acordos de Empresa, em vez de um único ACT para o setor. Isto a bem do SAMS, o verdadeiro financiamento ilegal destes sindicatos, mas que se mantém com a conivência dos diversos governos.
Na prática temos que um homem chamado para desempenhar uma função vai com um nível ou dois superior ao de uma mulher que seja chamada para o mesmo cargo, depois dizem que não há discriminação porque ela ganha o mesmo que todos os trabalhadores daquele nível, mas também temos na banca a prática dos complementos que são umas ofertas extra tabela salarial e que são dadas de maneira discriminatória, dependendo da cor dos olhos.
Nos casos da maternidade as mulheres são discriminadas nos prémios de produtividade porque estiveram de baixa e não estiveram presentes o ano todo. Mas depois as entidades patronais são a favor das políticas de natalidade, e até dizem que tem de ser promovida e incentivada. Os homens que tirarem a licença de parentalidade são um pouco penalizados. O mais estranho é os trabalhadores compreenderem estas situações, desculpando-as. Porque dessa maneira pode ser que sobre mais algum para mim.
Na banca a maioria dos trabalhadores são mulheres, mas nos cargos de chefia são uma minoria, e em posições de decisão são quase inexistentes. Mas também temos o problema das mulheres que chegam a esses cargos, depois passam a fazer o mesmo jogo e descriminar mulheres como elas e ás vezes até de maneira bem mais acentuada.
O setor da banca é um setor com muitos milhões de lucro, que em vez de ter políticas de trabalho favoráveis aos trabalhadores com boas condições de trabalho e bom ambiente, faz exatamente o oposto, tem cada vez mais trabalhadores precários, através de empresas de outsourcing, baixos ordenados e discriminação entre trabalhadores, fomentando a discórdia e a concorrência entre trabalhadores.
Actualmente através das redes sociais está a aparecer junto das camadas mais jovens uma tendência de menosprezar as mulheres e relegá-las para um papel quase decorativo e submisso ao homem, isto é um retrocesso civilizacional, mas também aceite pelos jovens. Estas ideias vêm de uma ala política retrógrada e xenófoba.
Em suma, homens e mulheres são trabalhadores com especificidades diferentes, mas que não podem, nem devem levar a discriminações. Temos de Lutar por uma verdadeira igualdade entre trabalhadores.
A Luta Continua
Via a CGTP-IN