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Bancos delegam cada vez mais nas máquinas serviços dos balcões

Publicação do JN de 29 janeiro, 2025 às 07:10
Digitalização bancária chega aos balcões de proximidade, dificultando o acesso a parte da população
Foto: Artur Machado / Arquivo 
Jornalista: Inês Malhado
Reproduzimos exclusivo autorizado do JN disponível em https://www.jn.pt/2587239253/bancos-delegam-cada-vez-mais-nas-maquinas-servicos-dos-balcoes/

 

A redução de horários de tesouraria das agências está entre as queixas dos clientes. A Deco e o Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Financeira (SinTAF) alertam para implicações no acesso de clientes idosos e de empresas.


Os bancos estão a oferecer cada vez mais funções de tesouraria em máquinas “self-service” e a reduzir os horários para fazer depósitos ou levantamentos presenciais. Há os mesmos balcões a serem fechados. Estas são algumas das reclamações dos clientes da Deco, que alertam para barreiras no acesso aos serviços.

Natália Nunes, coordenadora do gabinete de proteção financeira da Deco, sublinha que “esta tentativa de a banca levar as pessoas a utilizar cada vez mais o digital traz grandes problemas”, em especial, às pessoas de mais idade, desde logo na hora de acederem à sua conta, por não terem computadores ou não saberem usar.


“Não podemos esquecer que somos um país envelhecido, e que há uma grande franja de pessoas que não têm acesso ou as competências para fazer esse uso digital do banco”, defendeu. Por outro lado, há clientes que “têm mais confiança em aceder ao banco pessoalmente” e “este afastamento físico” faz com que também se dificulte o acesso à informação, alertou a economista.


Cortes de custos

Na última década, a rede de agências no país passou de 5647 para apenas 3327 em 2023, segundo os últimos dados do Banco de Portugal. A tendência decrescente tem sido acompanhada por um corte do número de trabalhadores.

Os bancos que responderam ao JN dizem ter horários diferenciados, tendo em conta a afluência às agências, e garantem que as necessidades são cobertas pelos novos meios, sobre os quais não têm reclamações ou são residuais.  Se o cliente precisar de apoio, ou em caso de indisponibilidade do equipamento, as operações são feitas por um colaborador do balcão.

Nuno Matos, do Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Financeira (SinTAF), atribui as mudanças a cortes de pessoal e de custos, e alerta estarem a afetar a qualidade e o acesso aos serviços dos negócios que rodeiam as agências bancárias.  “É algo que implica, e muito, no tecido empresarial português, que são as pequenas empresas e negócios vizinhos dos balcões, que quando precisam encontram-nos fechadas”, sublinhou o sindicalista.


Eleva espera nos balcões

Por outro lado, os depósitos feitos nas máquinas aceitam um limite de notas e moedas de cada vez, o que implica repetir o procedimento várias vezes se forem grandes quantias de dinheiro, enquanto ao balcão o valor desejado era admitido no imediato, apontou Nuno Matos.

O dirigente do SinTAF observou que, mesmo nas cidades maiores, o fecho de balcões faz com que seja mais difícil aceder aos serviços e eleva a espera nos que ficam abertos. Nuno Matos também se mostrou preocupado com o facto de a banca estar cada vez mais a recorrer a  contratação de trabalhadores precários por “outsourcing”. 

O sindicalista explica que são trabalhadores que não estão protegidos pelos direitos da contratação coletiva, uma vez que não se encontram afetos aos bancos. Completam 40 horas semanais e são lhes exigidas responsabilidades semelhantes, desde logo porque têm de aceder a dados dos clientes, o que pode trazer implicações de segurança, alertou. 

Fonte do BPI sublinha ao JN que, tendo em conta a afluência de clientes, existem balcões com um horário diferenciado para o atendimento presencial, das 13 horas às 15 horas na generalidade dos casos, e outros em que o serviço é assegurado por máquinas self-service (disponível 24 horas).

O BCP diz que não têm implementadas restrições de horário e, para melhorar os serviços de tesouraria reforçou o parque de máquinas com equipamentos mais modernos. As opções digitais estão disponíveis nas zonas mais urbanas, onde o serviço de tesouraria é realizado exclusivamente no parque de self-banking.

Já o Novo Banco referiu que os seus balcões têm com o horário de funcionamento habitual (das 8.30 horas às 15 horas), existindo alguns que encerram no período de almoço e outros a funcionar apenas parte do dia. Acrescenta ter feito “um forte investimento em soluções de self-service” para reforçar a capacidade de serviço e servir todos os clientes da forma mais cómoda e alinhada com o perfil de cada um”. O Santander e a Caixa Geral de Depósitos não responderam.

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